quinta-feira, 11 de abril de 2013

Aula 9 - Desequilíbrios do Balanço de água

Transtornos Hidroeletrolítico

Desequilíbrios do Balanço de água

Presença de desequilíbrio no balanço da água significa que a mesma esta em excesso ou em falta em um ou mais compartimentos corporais. Este desequilíbrio pode incidir nos espaços intracelular e extracelular. Neste último, o espaço transcelular, também chamado “Terceiro Espaço”, não possui relevância na reserva líquida, mas torna-se importante nos casos de sequestro hídrico, acumulando fluidos, eletrólitos e proteínas em espaços potenciais do corpo, a exemplo do peritoneal, pleural e intersticial.

Os distúrbios hidroeletrolíticos distribuem-se em dois grupos principais: as variações de volume (hipo e hipervolemia) e as variações de concentração.

Desequilíbrio de volume envolve perda ou ganho proporcional de sódio e água no espaço extracelular, enquanto desequilíbrio de concentração ou osmótico envolve perda ou ganho desigual de água e sódio no espaço extracelular.

Desequilíbrio da concentração pode ser de três tipos: isotônico, hipertônico e hipotônico,

Déficit de água corporal - Desidratação

A desidratação ocorre quando o corpo humano não tem água suficiente para realizar suas funções normais.

A desidratação é uma ocorrência comum no Brasil e todos os anos milhares de pessoas falecem por causa dela. Apesar de ser um achaque grave, é facilmente prevenível e tratável, desde que se reconheçam prontamente seus sintomas e se tome os devidos cuidados.

Há quem pense que nunca ficou desidratado, todavia a desidratação incide, todos os dias, em variados momentos. Isto porque todos os processos que eliminam fluidos corporais (produção de urina, transpiração, produção de fezes, etc.) estão invariavelmente acontecendo, o que faz da perda de água uma condição igualmente constante. Para se ter uma ideia de tal afirmação, quando uma pessoa sente sede, a água já “está em falta” no organismo há algum tempo ...

As causas mais frequentes de desidratação são: falta de ingestão ou perdas fluidas pelas vias ordinárias (perspiração cutâneo pulmonar, poliúria, diarreia) ou por vias extraordinárias (vômitos, aspiração gastrointestinal, íleo adinâmico, fístulas digestivas).

Comumente o primeiro sintoma verificado numa pessoa desidratada é a sede. Além deste, o individuo apresenta as mucosas secas, o que pode ser averiguado pela boca sem saliva. Também os olhos ficam ressecados e fundos. A pele se torna mais seca e formam-se “pregas” depois de tê-la pinçada e solta. Quando a axila e a virilha se apresentam francamente secas, o deficit de água costuma ser superior à 1500 ml.

Qualquer variação rápida de peso, superior a 500 g em um intervalo de 24 horas em individuo adulto deve-se quase sempre à perda ou ganho de líquidos.

Diminuição da pressão arterial, aumento da frequencia cardiaca, diminuição da ampitude do pulso arterial, colabamento das veias periféricas (especialmente as jugulares) e diminuição da Pressão Venosa Central refletem diminuição do líquido intravascular.

Na criança pequena que tem fontanela (moleira) ainda aberta a mesma estará deprimida.

Obnubilação, febre e coma são sinais tardios da desidratação. Nas perdas de água superiores a 15% do peso corpóreo a morte pode ser o desfecho evolutivo.

Quando uma pessoa esta desidratada apresenta hipovolemia e hemoconcentração que estimula receptores apropriados os quais enviam informações ao hipotálamo para que este libere hormônio antidiurético que agem nos rins incrementando a reabsorção de água. Como consequência verifica-se diminuição do volume urinário e aumento da quantidade de líquidos na corrente circulatória. O incremento de água reduz a concentração iônica com consequente regulação da osmolaridade plasmática e inibição da liberação de ADH.

A desidratação pode ser classificada em:

  1. Quanto à osmolaridade:
    • Isotônica: a concentração do sódio plasmático permanece dentro dos limites normais (perda de H2O igual à de sódio)
    • Hipotônica: a concentração do sódio plasmático é baixa (perda de sódio maior que de H2O)
    • Hipertônica: O sódio plasmático estará elevado (perda de H2O maior que de sódio)
  2. Quanto à intensidade: baseia-se na perda de peso corporal
    • Leve ou 1º grau: perda de peso de até 5%
    • Moderada ou de 2º grau: perda de peso de 5 a 10%
    • Grave ou de 3º grau: perda de peso acima de 10%

O efeito produzido pela desidratação é muito variável e depende tanto da aclimatação ao ambiente quanto da quantidade de líquidos perdidos

Perdas de até 1500 ml de água em adultos tem como única manifestação a sede. Pacientes que perdem de 1,5 l à 4,0 l apresentam além da sede acentuada, secura de boca, virilha, axilas, e hipernatremia (que pode ser utilizada para quantificar o déficit de água). Perdas acima de 4 l determina grande hipernatremia (> 155 mEq/ l), alterações de consciência e morte.

(Concentração normal de sódio/Concentração observada de sódio) = (Água total observada/Água total normal)

Quando a desidratação é leve o tratamento oral é suficiente, sendo alcançado com a reposição de líquidos e do denominado soro caseiro. Porém quando a desidratação é intensa é mandatório oferecer soros por via venosa, e só suspender seu fornecimento quando o status de hidratação estiver estabilizado.

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